terça-feira, 30 de dezembro de 2008


PORQUE SILENCIAS?
PORQUE TE ESCONDES TAMBÉM?
PORQUE NÃO VENS CONOSCO?
NADA MAIS TEMEMOS...
VAMOS INDO A TODOS OS LUGARES
NA CERTEZA DE NÃO ENCONTRARMOS RESPOSTAS
NÓS SOMOS AS SUPOSIÇÕES!

Não há desejos
Apenas o de deixar a dor fluir
Meu corpo ainda goteja timidamente por ter desejado, ainda desejando, o impalpável!
Esforço inútil o de não deixar as nuvens se transformarem em gotas!
Mas já disseste será verão e... O inverno passou!
E como será belo ver o sol outra vez
Como será não sentir mais a vontade do abraço inexistente
O desejo do meu colo em ti
O igualar dos corpos
Já não existirá daqui a pouco
Será apenas lembrança triste? Não, não será triste!
Nem simples acréscimo de experiência
Será o que sobrou do que foi simplesmente
E já não terá cheiro cor nem sabor
Mas não será água

Olhei para o mundo e vi certos seres
E pequei!
Desdenhei, foi inevitável, desdenhei!
Eram seres inócuos sem saberem que são
Seres que não se vêem!
Que acham e que acham que são coisas bobas e nem isso são!
Desdenhei e com gosto de veneno... Tanto...
E preferi não deixar que escorresse dos meus lábios...
Saboreei meu próprio veneno
E como fui feliz na felicidade de saber que somos tudo que quisermos ser
Que às vezes há em nós bobagens, mas também uma inteligência rara e sorrimos de tudo
Pois o importante é viver e pronto...
Ou melhor, é ser!
Se eu sei?
Sei lá do que sei!
Gosto muito de nós, pois não termos medo da inevitável loucura do mundo
por não termos medo de andar sempre à beira do precipício
Por não nos contentarmos.
Por amarmos sem medo, sem querer ser maior por prender um outro...
Somos maiores porque sentimos antes de qualquer coisa
E às vezes não sentimos nada e tudo bem
Porque de vez em quando é bom olhar para o mar e nada dizer
E deixar o pensamento ser o que quiser!
Porque teorizamos tudo empiricamente
E também pensamos bobamente
E temos coragem de dizer e de ser qualquer um a qualquer hora, mas saber a hora certa de ser!!!!
Desdenhei
E me senti terrível...
E sorri!
E olhei e vi minhas amigas sorrindo!
Todas a sorrir e a olhar com traços de mulher machadiana...
Tão singulares, tão lindas, tão perfeitas na imperfeição que nos foi imposta sem que pedíssemos!

Um grande abraço de adorar tanto que não se pode conter!
Deus às vezes me olha sorrindo e diz: "Você acredita em sorte? Você é uma sortuda menina, Tá vendo aqueles seres? Eles não riem assim!"
Eu digo: É Deus, será que herdei qualquer coisa de ti?
Sinto que Deus é inteligentíssimo e sarcástico, às vezes!
Mas ele tem certo humor que não consigo definir!

segunda-feira, 29 de dezembro de 2008

Nós dois é o que tem que ser



Estamos a três metros do céu

Não diga nada a ninguém

Essa escalada é tão só nossa

Daqui a pouco ultrapassaremos os limites do sem fim

Sem lágrimas de não deveria ter sido

Cinema de arte

Quando anoitecer seremos luz

Nossa invenção não estará em cartaz

E, no fim, iremos como as borboletas persas

domingo, 28 de dezembro de 2008


Insistes em fingir
representação da representação
Seja comigo o que és
O que desejas
Eu não sou uma rosa delicada apenas
Eu não estou num pedestal
Por que me chamas deusa?
O que deves fazer?
O que sentes!
Não cries o que achas que pode me fazer voar
Leve-me ao sétimo céu pelo prazer indizível de irmos juntos


Deixa eu te dizer...

Eu fui andar e aí encontrei um olhar, um sorriso e esqueci do sinal... até ouvi uma voz... mas se eu não dou um nome a isso... então isso pode ser ilegal e eu não tenho advogado... eu sou minha defesa...
Um desafio, um desatino, uma não solução
uma absolvição...

Eu gosto de tentar entender o interior do meu interior... há certos traços que eu não conheço bem ainda
Qualquer coisa que faz cantar e dançar.
Um músculo fica feliz ao v uma janela... Que músculo estranho! Uma janela!
Mas havia paisagem, havia movimento...
resistir ou resignar-me?

Eu que vezes não acredito em quase nada... olho para a janela.... salto!
Lembrei do pára-quedas?
Eu que ainda não aprendi a voar...
Melhor permanecer distraída... será que a gente se entende sem entender? ... Quem nos criou?
Eu que não tenho certeza de mim, me concedo o não-arbítrio para poder silenciar o meu não-nascido. E eu queria ter forças para trazê-lo a este mundo com mais fé...
Se viajássemos para comemorar a afeição?...
Terra do Nunca...
País das maravilhas... Alguns intinerários...

Certas complexidades combinam com esse mundo obscuro...

Dos sentimentos... há medo.... mas não há medo de ter medo

Eu que ainda nem aprendi a voar... estou a metros e metros de altura
Descobri que não trouxe o pára-quedas e não sei como pousar.
Você pode indicar um bom lugar p uma aterrissagem despreparada?

Meu Deus! Tudo isso é insano!

Um olhar um sorriso um som ao longe... um espiral!

{Essa amizade que nasceu não sei como e cresce não sei pq! [essa última uma paráfrase]}

(Escrevi o q está acima nesse instante quando parei, sem querer, e tentei entender uma súbita amizade... é fluxo da consciência ... pensado e escrito sem reescrever )

Não desejei senão ter o inacessível.
Nunca pude compreender algumas palavras iniciadas com o prefixo IN.
Tão belas e tão cruéis.
Por que não posso ter?
Incontáveis períodos tentam explicar, embasar teoricamente porque não me é permitido.
Complexam ainda mais.
Não chegam à causa primária
Simplesmente porque não há esta tal causa primária
E, se assim é, não há explicações para essa inacessibilidade. Se não há o que a faz existir?
Como pode estar sem motivo, sem sentido?
continuo na busca do inacessível
Sem nenhum desejo maior
A não ser o de saber a sua descendência
Enclausurada nos arquivos do não sei onde.
O meu olhar é nada
porque está parado o meu olhar?
Por nenhum motivo grandioso
ou sutil
Sentiu vontade de parar...
Movimentos de assim seja sem ser
Porque não quer dizer nada.
Quer apenas estar ali
Parado sem reflexões, sem sentido.
Para que dar sentido a tudo?
Ele olha sem ver
E não é por isso maior ou menor
Não é nada
É só um olhar estático
No óbvio

Na casa do tilonorrinco

Acostumar a ser

Saber ser um inteiro

Livrar-se da mágoa

Sentar e sentir o mar como se dissesse tudo

Ou só como leitor silencioso (ou barulhento) de almas

E servisse de travesseiro...

O ser necessita de casa

É preciso adultecer

Eu irei e deixarei a velha infância!

Adeus



Passeio.
Ruas.
Avenidas.
Carros.
Ônibus
Sons.
Sinais.
É melhor seguir.
Sempre consegue ir além.
Sempre se sobrepõe à mecanicidade da cidade,
o movimento...
E, se há o encontro com o perfeito,
É o momento em que o pensamento a faz se abstrair de tudo
E se deixar envolver por aquilo que se constitui em um sentimento que se recusa a definir-se.
Ou ela recusa a conceituar.
O conceito reduz.
Precisa saber sintetizar, no entanto!
Mas, não!
Nunca se contém.
Diz tanto, pesa tanto e nada de conclusões.
Só hipóteses...
Sempre gostou do amor!

sábado, 27 de dezembro de 2008

?




Um siricutico a mais???
Esse querer não se sabe o que
Essa vontade de abraçar forte

O desejo de que ouças meu silêncio

Eu o teu... (pareces nunca estar totalmente em silêncio)
Depois falares qualquer coisa

Ainda: "Vai ficar tudo bem!"

Mesmo sem eu nada ter dito
O teu olhar silencioso e interrogativo
O teu olhar somente provocador, antes de tudo

O teu único querer imediato: eu desejar saber o que teus olhos dizem

Mesmo que eles não digam nada.
E eu idealize tudo.

Que queres? Criar um desejo já existente?

Lembro-te quando penso numa conversa saborosa.
Sabor único, mesmo quando é torta de chocolate
Espero não ter vontade de sentir todo o gosto
Sei que não somos para além.
Eu estou distraída e não quero te ver!
Os flashes podem se tornar intensos

Eu vou fechar os meus olhos agora...

quarta-feira, 3 de setembro de 2008



É o fim.

A entrega ao medo nunca será perdoada. Como seria o que não foi? Não quisera assim.

Mas o sentiu intensamente.

Toques. Leves sons eram testemunhas do encontro com o estágio esplêndido de felicidade. Lágrima na ponta dos olhos. Falar baixinho. Sossego.

Essa história não pode ser contada não serás perdoada.

O toque...

Não. Não era a única culpada. Ninguém é maior que a sociedade e suas regras. Essa sede de superioridade. Mas até ele, o amor ou qualquer coisa que o valha, está submetido às regras.

Necessidade de ir embora. Foi-se.

Mudanças. Substitutos. A mobilidade custa caro.

This is not my heart. This is my mind. Does he remember? I don’t know.

Herzen... Vollkommene Liebe! Die Liebe überwindt alles!

Não. Não é verdade.

Não era completo. A perfeição seria romper as idéias fixas.

Chapeuzinho vermelho era desobediente e adorava o lobo mal.


quarta-feira, 27 de agosto de 2008






Tilonorrinco, meu musinho, não podes ir assim tão longe e deixares teu bem sem o aroma das orquídeas.


Esse ninho costuma ficar intensamente frio depois do pôr do sol.
No interior do interior. Sem se preocupar em ser achado. Viu uma luz forte. Parecia querer lhe ajudar. Mas, então, cegou!

!

Quantas idéias loucas nos corações de vinte e poucos anos. Inevitável dizer: essa loucura os torna aptos a fazer sossegar a esfinge que os tenta devorar.


Quantas idéias loucas nos corações de vinte e poucos ao anos. Inevitá vel dizer: essa loucura os torna aptos a fazer sossegar a esfinge que os tenta devorar.
Tocados pela modernidade, sobem e desce escadas. Indiferentes, intocáveis, passam. Vêem vultos, coisas. Sentem vultos e coisas. Tocam os vultos e as coisas. Magoam os vultos e as coisas. a modernidade os impede de ir além. Os jardins se misturam imóveis aos passos apressados. Felizes os que não se deixaram tocar pela fria modernidade com sua pressa, com sua indiferença, com sua poesia desbotada.

terça-feira, 26 de agosto de 2008

O fim do mundo

Era propício. Tudo caminhava para o encontro das águas. No entanto, como se pudesse desobedecer a lei natural, tudo estagnou. Como se fosse racional fazer o mundo parar, baixaram as cortinas e eram vermelhas. E foi anunciado o fim do espetáculo. As luzes não voltaram a brilhar e ninguém entrou para o segundo ato. Nem figurantes, nem secundários, nem o protagonista. Nem memso os que fariam entrar o segundo ato. Tal fora o impacto causado pelas cenas daquela inesquecível noite de Abril.

domingo, 24 de agosto de 2008

Os Olhos dos Pobres

Quer saber por que a odeio hoje? Sem dúvida lhe será menos fácil compreendê-lo do que a mim explicá-lo; pois acho que você é o mais belo exemplo da impermeabilidade feminina que se possa encontrar.

Tínhamos passado juntos um longo dia, que a mim me pareceu curto. Tínhamos nos prometido que todos os nossos pensamentos seriam comuns, que nossas almas, daqui por diante, seriam uma só; sonho que nada tem de original, no fim das contas, salvo o fato de que, se os homens o sonharam, nenhum o realizou.

De noite, um pouco cansada, você quis se sentar num café novo na esquina de um bulevar novo, todo sujo ainda de entulho e já mostrando gloriosamente seus esplendores inacabados. O café resplandecia. O próprio gás disseminava ali todo o ardor de uma estréia e iluminava com todas as suas forças as paredes ofuscantes de brancura, as superfícies faiscantes dos espelhos, os ouros das madeiras e cornijas, os pajens de caras rechonchudas puxados por coleiras de cães, as damas rindo para o falcão em suas mãos, as ninfas e deusas portando frutos na cabeça, os patês e a caça, as Hebes e os Ganimedes estendendo a pequena ânfora de bavarezas, o obelisco bicolor dos sorvetes matizados; toda a história e toda a mitologia a serviço da comilança.

Plantado diante de nós, na calçada, um bravo homem dos seus quarenta anos, de rosto cansado, barba grisalha, trazia pela mão um menino e no outro braço um pequeno ser ainda muito frágil para andar. Ele desempenhava o ofício de empregada e levava as crianças para tomarem o ar da tarde. Todos em farrapos. Estes três rostos eram extraordinariamente sérios e os seis olhos contemplavam fixamente o novo café com idêntica admiração, mas diversamente nuançada pela idade.

Os olhos do pai diziam: “Como é bonito! Como é bonito! Parece que todo o ouro do pobre mundo veio parar nessas paredes.” Os olhos do menino: “Como é bonito, como é bonito, mas é uma casa onde só entra gente que não é como nós.” Quanto aos olhos do menor, estavam fascinados demais para exprimir outra coisa que não uma alegria estúpida e profunda.

Dizem os cancionistas que o prazer torna a alma boa e amolece o coração. Não somente essa família de olhos me enternecia, mas ainda me sentia um tanto envergonhado de nossas garrafas e copos, maiores que nossa sede. Voltei os olhos para os seus, querido amor, para ler neles meu pensamento; mergulhava em seus olhos tão belos e tão estranhamente doces, nos seus olhos verdes habitados pelo Capricho e inspirados pela Lua, quando você me disse: “Essa gente é insuportável, com seus olhos abertos como portas de cocheira! Não poderia pedir ao maître para os tirar daqui?”

Como é difícil nos entendermos, querido anjo, e o quanto o pensamento é incomunicável, mesmo entre pessoas que se amam!

Charles Baudelaire
Extraído do site Poemas e Contos de Baudelaire